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sábado, 19 de abril de 2014

Don't judge a book by its cover

Rodando aí pela internet, percebi que a maioria dos posts sobre livros envolvem belas fotos cults do livro que está sendo resenhado. Muitas vezes, nem está sendo resenhado, só está sendo belamente exposto como um belo livro com uma bela capa numa bela fotografia. Até aí, nenhum problema. Acho lindas as fotos de alguns blogs, e elas definitivamente são um eficaz meio de propaganda. A questão é que esses livros que são expostos pela capa e não pelo que tem dentro acabam sendo uma metáfora para outras coisas que vemos na vida.


Numa era instagrâmica e facebookiana, onde tudo é feito para ser visto e aprovado pelo outro, é comum que as editoras tenham mais preocupação com o visual dos livros lançados. Algumas capas são verdadeiras obras de arte: as minhas favoritas são as da Intrínseca e da Zahar; a Record e a Rocco acertam em umas e erram em outras; a CosacNaify traz um conceito diferente e faz o leitor experienciar a leitura de uma forma única (em "A Fera na Selva", de Henry James, por exemplo, as páginas vão escurecendo à medida que o leitor espera um possível clímax para a história).

Mas não é a mesma história em qualquer edição?

Se a versão não for adaptada e se não houver uma diferença muito gritante nas traduções, a história é sim a mesma. Qual é o problema de ter um livro "feio" então?

Não quero parecer hipócrita de forma alguma. Eu tenho vários livros lindos (ainda farei um post mostrando eles!) que ficam embelezando a minha estante e, sempre que vou procurar algum livro pra comprar, tento escolher o mais bonito, se a diferença de preço não for muito grande. No entanto, também tenho muitos livros "feios": velhos, com capas sem graça ou feiosas mesmo, emendados com durex... E muitos deles foram alguns dos melhores livros que já li na minha vida. A primeira vez que li 'O morro dos ventos uivantes"  numa edição não adaptada, me defrontei com um livro nada atrativo: pequeno, de letra miúda, velho, com uma pintura horrorosa na capa... E está no meu Top 5 até hoje. O mesmo acontece com "O apanhador no campo de centeio". A capa da minha edição é a coisa mais sem graça ever made na história das capas de livro: fundo cinza com letras amarelas. Sem desenho, sem orelha, sem contracapa, sem informações sobre o autor, sem nada, e isso não fez a menor diferença na minha reação quando li a história de Holden Caufield.

Tenho plena consciência de que livros hoje em dia são também objetos de decoração e, de novo, não vejo nada errado em serem. No entanto, sem querer parecer uma velha purista e nostálgica (mas já parecendo), acho que devemos sempre lembrar da primeira função dos livros: nos transmitirem o que está dentro deles, não o que está fora. Que haja muito espaço nas nossas prateleiras para exibirmos os livros bonitos, mas que também sempre haja lugar em nossos corações para os feiosos e imperfeitos.

E que isso não sirva só para os livros, viu? ;)


Para fechar, duas fotos de livros feios que eu adoro!


Capa horrorosa do primeiro livro que comprei do meu autor favorito <3

Provavelmente, a pior capa que tenho num dos mais brilhantes livros que já li

Um comentário:

  1. Nossa, super concordo! Estava pensando sobre isso hoje mesmo.
    Não vou negar que eu preferiria que todos os livros fossem lindos e fofos e dessem orgulho de expor, mas já que os feios também existem, vamos amá-los também, poxa u.u Os melhores livros que eu já li têm as capas bizonhas.
    Ah, e achei a capa do segundo livro muito engraçada!

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