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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Kipi cáumi e deixa de recalque

Eu fico meio espantada com a quantidade de páginas no Facebook que estimulam uma zoação de mau gosto às custas de um sentimento que, acreditem, não é nada engraçado: a inveja. A maioria das pessoas só pensa nas "inimigas" (como são chamadas as supostas invejosas) como uma espécie de vampiras sugadoras de energias positivas ou algo assim. Enquanto as invejadas costumam sair como as vítimas da história, as "invejosas" ou "recalcadas" são queimadas em posts e em letras de funk.

Vem cá com a tia, vamos pensar um pouquinho. Eu acho que ninguém que sente inveja sente porque acha legal, e ninguém sente de propósito pra irritar uma pessoa de que não gosta - ou até de que gosta! Quantas vezes você não sentiu inveja de um amigo ou parente a quem ama muito? Pode assumir! Eu acho que todo mundo divide a inveja em dois tipos: uma "boa" (ou "não destrutiva", a famosa "inveja branca") e uma ruim. Vamos exemplificar: a boa é o que você sentiria se a sua melhor amiga fosse viajar pro seu destino dos sonhos. Você fica muito feliz por ela, é claro, mas sente uma invejinha por querer ir pra lá também. A ruim, por outro lado, seria o que você sentiria se aquela pessoa de quem você não gosta vai pra esse seu paraíso na Terra. Exemplo bem idiotinha que imagino que todo mundo já devia ter em mente, mas enfim.

A maioria das pessoas não tem problemas com essa "inveja branca", até mesmo porque ela geralmente é uma coisa específica: uma blusa, uma viagem, seu cabelo, essas coisas. O problema é a inveja ruim (ok, estou chovendo no molhado até agora, mas já estou chegando no ponto). Muitas pessoas acreditam em energias negativas que a pessoa invejosa carrega e coisas assim, mas não acredito muito nisso. Se existirem, acho que elas prejudicam mais quem sente a inveja do que o invejado em si. E isso me leva - finalmente! - ao meu ponto principal: quem sofre com a inveja é sempre o invejoso.

A inveja é um sentimento que pode ser extremamente autodestrutivo. Creio que uma inveja negativa - obsessiva, degenerativa - seja fruto de uma baixa autoestima, e acho que isso é uma das piores coisas com que alguém pode ter que conviver. A inveja reforça sua baixa autoestima e, principalmente quando você sente raiva do invejado, você sente mais raiva de si mesmo. A inveja é, para mim, um discurso de ódio a si próprio, em última instância. Para quem já viu isso que estou falando bem de pertinho, isso não me parece nenhum exagero.

Não quero salvar o mundo nem resolver todos os problemas da humanidade, mas, se eu puder deixar algum conselho pra possíveis leitores desse texto, digo que procurem ajudar quem vocês perceberem que podem sentir essa inveja autodestrutiva. Como a inveja é provavelmente o sentimento mais reprimido na nossa sociedade - já pararam pra pensar nisso? -, acho difícil encontrar alguém nitidamente invejoso. Se não puder fazer nada diretamente para alguém, acho que pelo menos todos nós podemos parar mandar recadinhos maldosos pras "recalcadas de plantão".

Por último: quem tiver se identificado com essa inveja destrutiva deve procurar alguma ajuda. Um amigo em quem confia, um terapeuta, um diário, qualquer coisa. Vamos colocar "Beautiful", da Christina Aguilera pra tocar e vamos aumentar essa autoestima (estou me sentindo professora de academia dizendo isso). Keep calm, queridos, e deixem de recalque ;) 


Um comentário:

  1. Concordo plenamente... Mas é tããão difícil controlar a inveja ou a raiva quando uma pessoa que a gente detesta ou que acha que não merece ganha/consegue algo super incrível. O pior é que isso realmente não afeta a pessoa em nada, só faz a gente se sentir duplamente mal. Acho isso muito vacilo da parte dos processos químicos do nosso cérebro u.u

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